A corrupção de A a Z – polémica obra de Paulo de Morais

 

A corrupção de A a Z – polémica obra de Paulo de Morais




Ricardo de Saavedra



Muitos serão os leitores deste Portal que ainda se lembram das ousadas e brilhantes intervenções do Professor Paulo de Morais quando, uma década atrás, era membro da Assembleia Municipal de Ponte de Lima. E alguns até recordarão ainda o papel combativo e por vezes controverso que desempenhou na altura em que, como representante dessa Assembleia na Comunidade Intermunicipal do Alto-Minho, conseguiu que fosse aprovada uma moção contra a cobrança de portagens na A28. O diferendo aqueceu tanto que chegou à barra do Tribunal.

Agora, o mais recente livro desse combatente da Ribeira-Lima que é Professor Paulo de Morais tornou-se entretanto num grito que ecoa por Portugal inteiro à velocidade da luz. Da luz que cada dia que passa se apaga um pouco mais, porque o drama da pandemia que nos sufoca fechou livrarias, impediu a venda de livros e se amanhã tiver de continuar dessa forma acabará por nos tirar o fôlego. Mesmo assim, a obra que ele apresentou publicamente no Centro Cultural de Belém a 19 de Setembro de 2020 desapareceu em menos de um mês, forçando à segunda edição logo em Outubro. Poucas semanas volvidas saía a terceira edição que, ao que consta, se encontra entretanto quase esgotada.

Estou a referir-me ao Pequeno Livro Negro da Corrupção – esse fenómeno intrusivo que mina a democracia portuguesa. Não é tratado jurídico nem ensaio económico, mas sim um assustador registo de casos e de pessoas para memória futura, no dizer do Autor. O pior é que, se não nos precavermos, o ambiente de corrupção que por aí grassa pode apagar os dias risonhos do Futuro de Portugal que sonhávamos, ameaçando converter-se em estado terminal.

A corrupção nacional tende a banalizar-se e, pior do que isso, está a tornar-se sistémica. Cada vez mais impune atravessa fronteiras, da China ao Brasil, de Angola à Venezuela. «Existe corrupção para além da sua existência jurídica», em múltiplas circunstâncias, porque infelizmente demasiadas são as suas formas. «E em Portugal encontramo-las quase todas», como Paulo de Morais afirma e demonstra.

O pequeno-grande livro negro da corrupção tem, ao longo das suas páginas, uma apresentação colorida por ordem alfabética, onde regista casos e protagonistas de A a Z, e cada um deles merece uma entrada mais ou menos longa. O nome da instituição ou das pessoas envolvidas serve de título ao parágrafo, quer se trate dos que prevaricam ou daqueles jornalistas e activistas que por diferentes métodos combatem os ilícitos e abusos.

Contudo, nos parágrafos cujos títulos referem factos (de bancos, empresas, organismos, negócios escuros), na maior parte deles também aparecem nomes, muitos nomes que não mereceram ainda o destaque de parágrafo individual. Por exemplo: no parágrafo intitulado FAMÍLIA, que ocupa três páginas, surgem à roda de seis dezenas de nomes. Sobretudo desses políticos e legisladores a que agora apelidam de «portas giratórias», título quase nobiliárquico de pessoas que saltam de poleiro em poleiro na superior missão da vigarice.

A editora Influência realizou realmente um trabalho esmerado, digno de inequívocos elogios. Mas talvez o livro do Prof. Paulo de Morais desse mais um passo em frente no sentido de melhor servir os leitores se lhe acrescentassem um índice onomástico que facilitasse a localização imediata de quem é quem ou de onde entra determinada «porta giratória» que de repente anda na berra. Porque «infelizmente a corrupção não está perto de terminar em Portugal», segundo garante o destemido Autor. E sobretudo porque este é um livro de recurso diário e não um mono bonito para morrer na prateleira.

 

Ponte de Lima no Mapa

Ponte de Lima é uma vila histórica do Norte de Portugal, mais antiga que a própria nacionalidade portuguesa. Foi fundada por Carta de Foral de 4 de Março de 1125, outorgada pela Rainha D. Teresa, que fez Vila o então Lugar de Ponte, localizado na margem esquerda do Rio Lima, junto à ponte construída pelos Romanos no século I, no tempo do Imperador Augusto. Segundo o Historiador António Matos Reis, o nascimento de Ponte de Lima está intimamente ligado ao nascimento de Portugal, inserindo-se nos planos de autonomia do Condado Portucalense prosseguidos por D. Teresa, através da criação de novos municípios. Herdeira e continuadora de um rico passado histórico, Ponte de Lima orgulha-se de possuir um valioso património histórico-cultural, que este portal se propõe promover e divulgar.

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