José Dantas Lima – Figura de Estorãos, por José Lima

 

José Dantas Lima – Figura de Estorãos, por José Lima



 

 

 

José Lima



Texto publicado no Boletim “A PONTE” da Associação A Ponte de Estorãos, Verão de 2013 - n.º 23

Natural da vizinha Moreira do Lima, o Dr. Dantas Lima, não rejeitando as suas origens, já se considera um asturiano, porque reside em Estorãos e, fundamentalmente, por tudo que já deu a esta terra. Exemplo disso é a criação da Associação A Ponte, que veio preencher uma lacuna na recuperação de tradições e no convívio entre as várias gerações. A programação d'A Ponte vai de Janeiro a Dezembro, com a publicação do seu boletim nas quatro estações do ano.

Sua esposa, a Professora Fernanda Cunha, também ela, exerceu durante vários anos a sua atividade na Escola de Estorãos, tendo mais tarde exercido funções executivas na Junta de Freguesia e, atualmente, como Presidente da Assembleia de Freguesia.

José Dantas Lima Pereira, após os estudos de instrução primária, ministrados pelo professor Custódio Martins, iniciou a sua vida de trabalho nos montes do "Formigoso" e mais tarde na freguesia de Estorãos, na sua adolescência e juventude, trabalha como aprendiz nas obras da construção do Canal do Regadio de Estorãos, tendo de seguida continuado nas obras do emparcelamento, sobretudo na construção da Ponte da Lousa e da Pontelha das Poldras e outros serviços, como aquedutos e muros no âmbito da referida obra.

Trabalhou ainda na antiga pedreira de Estorãos, na construção da 2.a fase da Adega Cooperativa de Ponte de Lima, tendo partido em Junho de 1970 para a aventura da emigração para França, fugindo ao serviço militar e à guerra colonial.

Após algum tempo naquele país, ao qual não se adaptou, regressa a Portugal em 1972 e entrega-se para cumprir o serviço militar, tendo sido mobilizado para Angola em Abril de 1973.

O seu inconformismo sempre o levou a tentar procurar o melhor, a dar utilidade aos conhecimentos e capacidades que sempre demonstrou possuir. É assim que se liga ao teatro de amadores e, após o regresso da guerra, inicia a sua atividade regular na área cultural, nomeadamente no teatro, por onde faz a sua carreira inicial, sendo depois colocado como Animador Cultural no FAOJ (Fundo de Apoio aos Organismos Juvenis) no distrito de Viana do Castelo.

É nesse âmbito que conjuntamente com o animador da INATEL, Lucilo Valdez, desenvolve um importante trabalho junto dos grupos de teatro de amadores e das associações do distrito, tendo encenado inúmeros espetáculos, promovido encontros e ajudando a criar novos grupos e associações. Destaca-se neste campo a criação da Cooperativa Centro Cultural do Alto Minho do qual é sócio fundador e por duas vezes dirigente; os Grupos "Farroupilhas" e "TRAPO - Teatro de Arte Popular"; a Associação "Unhas do Diabo"; a Associação "A PONTE"; a Associação Nacional de Animadores Socioculturais - ANASC; a Associação INTERVENÇÃO e a Cooperativa de Teatro Profissional Teatro do Noroeste.

No campo da formação profissional frequentou vários cursos em Portugal e no estrangeiro, nomeadamente em França, Espanha, Alemanha, Inglaterra, Itália e Holanda.

Fez parte da equipa nacional de Formadores de Animadores Juvenis que deu formação em todos os distritos de Portugal e ainda em Angola, Moçambique, Guiné Bissau, Cabo Verde e França.

Foi Consultor/Animador Cultural na Fundação INATEL para o distrito de Viana do Castelo, de 1991 a 2005.

No campo académico iniciou o ensino superior em 1994, na escola Superior de Música e Artes do Espetáculo do Instituto Politécnico do Porto.

Concluiu o Bacharelato de Direcção de Cena em 1997 e a licenciatura em Design e Produção Teatral em 2000, com a média final de 16 valores.

Como encenador e actor fez trabalhos com companhias profissionais e grupos amadores, foi dirigido pelos encenadores Mário Barradas, Luiz Varela, José Manuel Peixoto, Adelino Bento, Fernando Mora Ramos, Joaquim Benite, José Martins, Castro Guedes, São José Lapa, Jorge Pessoa, Adriano Luz, Luc Montech, Michel Broquin, Jaques Aubinel e Ariel Temporal.

Encenou espetáculos profissionais, sobretudo teatro de rua que se destacaram em espaços como o Palácio dos Duques de Bragança, em Guimarães, Museu dos Terceiros, em Ponte de Lima, e Museu Municipal de Viana do Castelo.

Dirigiu espetáculos com textos de autores como Gil Vicente, Almeida Garrett, Raul Brandão, Pires Cabral, Lucilo Valdez, Maria Clara Machado, Molière, Goldoni, Brecht, Marivaux, Seán O’Casey, José Jorge Letria, Luiz Francisco Rebello e Luís de Stau Monteiro, entre outros.

Participou em algumas curtas metragens de cinema e na série televisiva "A Morgadinha dos Canaviais", contracenando com Virgílio Castelo.

Na vertente da sua principal profissão desenvolveu a actividade de Animador e Formador ao longo de 21 anos, no distrito de Viana do Castelo.

Em 1998, a convite do então Presidente da Câmara Eng.o Daniel Campelo, transferiu-se para a Câmara Municipal de Ponte de Lima, para preparar a reabertura do Teatro Diogo Bernardes e assumir a sua direção artística e de programação cultural do município.

Ao longo dos últimos 15 anos, juntamente com outros colegas ligados ao ensino universitário, promoveu a realização de cerca de 15 congressos de Animação Sociocultural onde estiveram presentes os maiores especialistas da área, tais como Ezequiel Ander-Egg, José Maria Quintana, Marco Marchioni, Jean Gilett, Vítor Ventosa, Marcelino Lopes e tantos outros que, ao longo dos tempos, deram o seu contributo para a reflexão e o ensino da Animação Sociocultural.

Como docente deu aulas durante 8 anos, nas disciplinas de animação sociocultural e expressão plástica na escola profissional do Alto Minho Interior. O seu trabalho artístico mais individual reside na recolha, preservação e divulgação das artes tradicionais, onde se destaca a construção de centenas de bonecos de fantoches e marionetas, bem como centenas de cabeçudos. Nesta área, juntamente com a sua equipa familiar, foram os autores da construção de 13 cabeçudos que desfilaram na cerimónia da entrega de Macau à China, em 1999.

Atualmente [NE: Junho de 2013] mantém a sua atividade artística junto dos grupos de teatro, promove congressos de animação sociocultural e assume a chefia de Divisão de Educação e Cultura da Câmara Municipal de Ponte de Lima.

Junho de 2013

 

 

Ponte de Lima no Mapa

Ponte de Lima é uma vila histórica do Norte de Portugal, mais antiga que a própria nacionalidade portuguesa. Foi fundada por Carta de Foral de 4 de Março de 1125, outorgada pela Rainha D. Teresa, que fez Vila o então Lugar de Ponte, localizado na margem esquerda do Rio Lima, junto à ponte construída pelos Romanos no século I, no tempo do Imperador Augusto. Segundo o Historiador António Matos Reis, o nascimento de Ponte de Lima está intimamente ligado ao nascimento de Portugal, inserindo-se nos planos de autonomia do Condado Portucalense prosseguidos por D. Teresa, através da criação de novos municípios. Herdeira e continuadora de um rico passado histórico, Ponte de Lima orgulha-se de possuir um valioso património histórico-cultural, que este portal se propõe promover e divulgar.

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