POR ESTA PONTE DE PEDRA…

Por esta ponte de pedra

e tão antiga

que o romano ergueu

com seu escravo?

Por esta ponte de pedra

e quantas vidas por ela

se amaram – desse era;

e outas – as perdidas?

Por esta ponte de pedra

quem canseiras deixaram

e a vida deu por ela?

Se romano o escravo – aqui passou:

Só o tempo

a ponte nos deixou,

do escravo e do romano

a sua voz levou.

In:

SOMBRAS E RAMOS SOBRE O PEITO

POEMA SEM FIM 1994-2006

UM ADEUS AO RIO LIMA

Manhã que na água reverdeje

transparente de peixes pequeninos

e pela água o olhar a vida tece

seu nadar por sonhos de meninos

manhã tão perto desses linhos

lavados em Maio nas ribeiras

cantam as mulheres (aos filhos)

a canção das antigas lavadeiras.

Manhã de montes e de ninhos

e peixes prateados no olhar

nos olhos que brilham (dos meninos)

e águas e risos de encantar.

In:

PERFEITO CHÃO DE VOAR

POEMA SEM FIM 1994-2006

POEMA À FEIRA DE PONTE DE LIMA

Não troco uma Feira de Ponte

pelo canto estereofónico

do consumo programado

do supermercado.

O Povo

está na Feira de Ponte

com a sua natural voz

ainda livre.

Não troco uma Feira de Ponte

aí ainda tenho

a minha liberdade.

In:

Rostos da Gente, de Hélder Pacheco, 1987

Ponte de Lima: Minha Pátria, de Amândio de Sousa Vieira, 1996