Prefácio da 2.ª Edição do "Elucidário Regionalista de Ponte de Lima", por Luís Dantas

 

Prefácio da 2.ª Edição do "Elucidário Regionalista de Ponte de Lima", por Luís Dantas



Luís Dantas



Os nossos saudosos conterrâneos Augusto de Castro e Sousa e António Soares Correia idealizaram o projecto de organizar e publicar o Elucidário Regionalista de Ponte de Lima. Foi há mais de meio século e não tenho dúvidas sobre as suas motivações: o interesse e a paixão pelos assuntos limianos, o estímulo interior acalentado pela «chama sagrada do amor votado a este pedaço de solo».

Todos sabemos com que ímpeto as sucessivas vagas de romantismo atravessaram a sociedade oitocentista na exaltação da liberdade de espírito e no cultivo das tradições. Os ideais sublimes continuaram a inspirar os homens na vida quotidiana, na arte, na literatura, no jornalismo. Castro e Sousa esteve sempre aberto à universalização, mas herdou o génio romântico no ardor das suas ideias, na aventura da palavra escrita, no apego à música, na exaltação dos sentidos, no viver emotivo e apaixonado pelas causas da terra. E não são de espantar todos esses impulsos de sensibilidade romântica. Ainda hoje permanecem intactos ou reedificados muitos elementos desse amplo movimento cultural e estético.

O vocábulo regionalismo, não região, vem desse tempo. O mesmo é dizer que despontou desde então até aos nossos dias um novo olhar sobre o povo, usos e costumes, linguagens e provérbios, danças e cantares, igrejas e capelas, casas e torres, fontes e pelourinhos. Nessa perspectiva, sem rejeitar um mais largo contexto, esta obra é paradigmática. Examine-se a relação homem-natureza nas ressonâncias indeléveis da poesia de Teófilo Carneiro, António Ferreira, Diogo Bernardes, Geraldo Dantas, Celeste Fábia, Abel Carneiro, Severino de Faria, Artur Araújo, Alcides Martins Pereira, António Vieira Lisboa, João Gomes de Abreu e António Feijó.

Ou o individualismo, a singularidade do homem, na evocação dos nossos heróis: Norton de Matos, Cardeal Saraiva, Conde de Bertiandos, António de Araújo Mimoso, Francisco de Melo da Gama, Eleutério Marinho, José de Sá Coutinho, Rodrigo Luciano de Abreu de Lima, Miguel de Lemos, Beato Francisco Pacheco, João Francisco Rodrigues de Morais, Diogo da Assunção, Padre Mestre Sebastião de Morais, André Velho Rego, António de Magalhães, Visconde de Cortegaça, Dr. João Malheiro, Severino de Faria, Tarquínio Vieira, Padre Manuel José Barbosa Correia, António Amorim, Domingos Tarrozo, Inácio Perestrelo, António de Araújo de Azevedo (Conde da Barca), Joaquim Manuel Lima, Dr. Luís da Cunha Nogueira, Dr. Amândio Celestino Vieira Lisboa, Padre António Pereira, Dr. Manuel Gomes de Lima Bezerra, Doutor António de Pádua, Doutor Alfredo da Rocha Pimenta, Doutor Augusto Joaquim Alves dos Santos e Dr. Tomás Norton de Matos.

A plêiade de limianos que assumiu a reedição do Elucidário Regionalista de Ponte de Lima acaba de reconstruir uma ponte que liga o presente ao passado e por onde passa a nossa experiência humana.

Abril de 2005

Ponte de Lima no Mapa

Ponte de Lima é uma vila histórica do Norte de Portugal, mais antiga que a própria nacionalidade portuguesa. Foi fundada por Carta de Foral de 4 de Março de 1125, outorgada pela Rainha D. Teresa, que fez Vila o então Lugar de Ponte, localizado na margem esquerda do Rio Lima, junto à ponte construída pelos Romanos no século I, no tempo do Imperador Augusto. Segundo o Historiador António Matos Reis, o nascimento de Ponte de Lima está intimamente ligado ao nascimento de Portugal, inserindo-se nos planos de autonomia do Condado Portucalense prosseguidos por D. Teresa, através da criação de novos municípios. Herdeira e continuadora de um rico passado histórico, Ponte de Lima orgulha-se de possuir um valioso património histórico-cultural, que este portal se propõe promover e divulgar.

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