Amândio de Sousa Vieira, exemplo de cidadania e limianismo

 

Amândio de Sousa Vieira, exemplo de cidadania e limianismo



José Velho Dantas



Amândio de Sousa Vieira faz parte de uma reduzida estirpe que, infelizmente, talvez se encontre em vias de extinção: a daqueles cuja profunda ligação à terra natal lhes fez desenvolver um gosto sentimental por tudo o que lhe diz respeito.

A profissão que abraçou há cerca de trinta anos, não sendo o ponto de partida para o denso apego ao lugar que o viu nascer, certamente que tornou a ligação mais sólida e intrincada. O seu entusiasmo natural levou-o, desde muito cedo, em busca de informações sobre Ponte de Lima, seus monumentos, suas tradições e costumes, e também sobre pequenas e saborosas histórias das personagens que povoaram e povoam o quotidiano desta terra. O seu amor pelos livros é um claro reflexo disto mesmo.

A paixão por Ponte de Lima, perceptível também na admiração com que sempre encarou as suas figuras maiores, encontra espelho nas obras que foi publicando, em que procurou ilustrar alguns momentos fundacionais (Rainha D. Teresa «…E Fez Vila o Lugar de Ponte»; A Torre de Refoios), ou eras e espaços não muito distantes mas já desaparecidos (Ponte de Lima Outros Tempos). Em Ponte de Lima Formas de Ver e Ponte de Lima Minha Pátria sente-se mais nitidamente o diálogo entre o presente e o passado, a força dos monumentos, do território e dos costumes. No monumental trabalho sobre as Feiras Novas, ainda que com recurso também a imagens e textos alheios, perpassa o seu testemunho e a sua visão pessoal, por vezes nostálgica, sobre a festa.

Mas exprime-se igualmente essa paixão na abertura e vontade para fornecer ou indicar material importante para o trabalho de outros. Há sempre tempo para colaborar e chamar a atenção para uma imagem esquecida ou para sugerir um texto escondido algures. Este espírito fica na memória de todos os que a ele recorrem e com ele convivem. Amândio de Sousa Vieira está sempre disposto a dar quando o que está em causa é a valorização cultural de Ponte de Lima. Com a sua objectiva ou com a objectiva alheia, a que ao mesmo tempo presta homenagem. Incansável, sempre solícito para documentar através da imagem as pequenas manifestações quotidianas, como quem acredita que por vezes o instante pode ser a eternidade. Sempre na senda desse Limianismo que sempre lhe serviu de inspiração, herdado de outras gerações e partilhado hoje por outros espíritos, raros e com tendência a desaparecer. Elos de uma cadeia, que não convém que termine.

 

Ponte de Lima no Mapa

Ponte de Lima é uma vila histórica do Norte de Portugal, mais antiga que a própria nacionalidade portuguesa. Foi fundada por Carta de Foral de 4 de Março de 1125, outorgada pela Rainha D. Teresa, que fez Vila o então Lugar de Ponte, localizado na margem esquerda do Rio Lima, junto à ponte construída pelos Romanos no século I, no tempo do Imperador Augusto. Segundo o Historiador António Matos Reis, o nascimento de Ponte de Lima está intimamente ligado ao nascimento de Portugal, inserindo-se nos planos de autonomia do Condado Portucalense prosseguidos por D. Teresa, através da criação de novos municípios. Herdeira e continuadora de um rico passado histórico, Ponte de Lima orgulha-se de possuir um valioso património histórico-cultural, que este portal se propõe promover e divulgar.

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