José Maria Leitão Carneiro

 

José Maria Leitão Carneiro


Jornalista, Professor, Pedagogo, Escritor, Poeta e Crítico de Arte

 



Mário Leitão



José Maria Leitão Carneiro nasceu na freguesia da Correlhã, Concelho de Ponte de Lima, no dia 23 de Março de 1937, sendo filho de João Lopes Carneiro (1909-1982) e de Palmira Brito Leitão (1909-1997), naturais da mesma freguesia.

Em 1947, apenas com dez anos de idade, emigrou com seus pais para o Brasil, fixando-se no Rio de Janeiro, onde iniciou um percurso de vida absolutamente notável.

Para ajudar na dura luta pela subsistência, que sua família emigrada tinha de travar diariamente, o jovem Zé Maria teve de ajudar seus pais enquanto estudava, tanto ao longo do ensino secundário como durante a licenciatura em Geografia e História, obtida na Universidade do Estado Federal. Foi lá que conheceu a colega que viria a ser sua esposa, Marília Morgado Carneiro (1934-2006), que lhe deu o filho Ricardo José Morgado Carneiro, licenciado em Direito e empresário.

Como a sua juventude deixava adivinhar, logo após o curso universitário iniciou uma intensa e ocupadíssima vida laboral, ininterruptamente em plano ascendente e em diversos ramos de actividade, ao longo de mais de cinquenta anos. Ainda residente no Rio de Janeiro tornou-se jornalista profissional de relevo, sendo redactor do quadro das revistas Vida Doméstica e Companhia Atlantic de Petróleo, ao mesmo tempo que prestava intensa colaboração no jornal O Globo. Datam desse tempo inúmeros trabalhos em prosa e poesia dispersos por variada imprensa brasileira.

Coincidindo com a sua intensa actividade jornalística, iniciou o seu percurso de pedagogo em diversas escolas públicas e colégios particulares. Em 1967, com apenas trinta anos de idade e valendo-se dos conhecimentos que os seus vinte anos de emigrante lhe tinham facultado, acumulando já a nacionalidade brasileira com a sua condição de português, lançou-se pela Serra dos Órgãos acima e fixou-se na cidade de Teresópolis, aninhada junto ao “Dedo de Deus”. Foi nesse ano que publicou o seu primeiro livro de poesia intitulado “Fumaça”, considerado pela comunidade literária brasileira como um dos bons lançamentos do ano.

Em 1968, fundou naquela cidade, em sociedade com o Professor Lima Trigo, o Centro de Ensino Moderno (CEM), um categorizado colégio reconhecido pelo ensino de excelência. Por si só, o CEM é um hino à capacidade criadora do Professor Carneiro, que viria mais tarde a ser o único proprietário desse conceituado colégio, que se notabilizou a nível nacional não só pela qualidade do ensino e pelas qualificações dos seus professores, como também pelas suas excelentes instalações e pelo seu desempenho desportivo nas competições escolares nacionais, em múltiplas modalidades.

Entretanto, a sua produção literária prosseguiu. “Nossa Mensagem”, uma selectiva colectânea de prosas organizada por Aparício Fernandes em 1977, inclui trabalhos seus. Também em 1977 vê a sua poesia seleccionada no “Anuário dos Poetas do Brasil”, uma importantíssima obra solicitada por muitas bibliotecas universitárias dos Estados Unidos, Canadá, França, Inglaterra e Bélgica, entre diversos outros países. Ainda em 1977 publica “UNIversos”, livro de poesia muito apreciado pela crítica como afirmação ou reafirmação de um poeta autêntico.

Os outros livros de poesia publicados pelo Dr. José Maria Carneiro foram: “Barco Rabelo” (1980), um romance poético do Brasil a Portugal (1); “Diário de Bordo” (1984), que recebeu o Prémio Olavo Bilac e uma Menção Honrosa da Academia Brasileira de Letras; e “Antologia Poética” (1997), também muito celebrado pela crítica brasileira. Refira-se que a TAP Air Portugal, correspondendo ao valor poético do “Diário de Bordo”, promoveu o lançamento desse livro em Lisboa.

Muita da sua poesia apresenta reflexos filosóficos da sua vida polifacetada de pedagogo, viajante, aventureiro, empresário, negociante, escritor e chefe de família, como em Dicotomia, do livro BARCO REBELO (1981):

 “mas que agonia

que expiação cruel o meu tormento

ter que viver a realidade e a fantasia

ao mesmo tempo”

 

E também em Pensamento, da mesma obra:

“minha vingança do mundo

está no pensamento

(território livre do infinito ao zero

pano de fundo onde eu pinto

as paisagens que sonho

e nelas ponho

as imagens que quero)”.

 

Mas é na vertente lírica que mais se evidencia o fogo que lhe ardeu na alma durante toda a sua vida, como em Moema (ANTOLOGIA POÉTICA, 1997):

“… dezoito anos são a mocidade

como a virgindade

que mesmo que fique

passa

como aquelas uvas douradas na parreira

que se não foram colhidas na vindima

emurchecem

viram passa

 

rosa vermelha em botão desabrochado

majestade fugaz nesse jardim de flores

por onde fores

e pisares

há vantagens por certo

nesse corpinho perfeito

nariz e busto empinados

cintura de drible esperto

frescor de rosto rosado

sorriso amplo e difuso

olhar maroto e trigueiro

e o brilho fulgente de um presente

praticamente sem uso

 

Bibliografia

Ponte de Lima no Mapa

Ponte de Lima é uma vila histórica do Norte de Portugal, mais antiga que a própria nacionalidade portuguesa. Foi fundada por Carta de Foral de 4 de Março de 1125, outorgada pela Rainha D. Teresa, que fez Vila o então Lugar de Ponte, localizado na margem esquerda do Rio Lima, junto à ponte construída pelos Romanos no século I, no tempo do Imperador Augusto. Segundo o Historiador António Matos Reis, o nascimento de Ponte de Lima está intimamente ligado ao nascimento de Portugal, inserindo-se nos planos de autonomia do Condado Portucalense prosseguidos por D. Teresa, através da criação de novos municípios. Herdeira e continuadora de um rico passado histórico, Ponte de Lima orgulha-se de possuir um valioso património histórico-cultural, que este portal se propõe promover e divulgar.

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